quinta-feira, 25 de março de 2010

Sem testemunhas, só o casal poderá convencer jurados da inocência

É consenso no Fórum de Santana que só o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá poderá agora convencer, em seus depoimentos, os sete jurados de que as provas técnicas não estão corretas e que eles são inocentes. Eles serão interrogados individualmente e um não pode ouvir o depoimento do outro.

O duelo técnico entre acusação e defesa provocou o cancelamento do depoimento de testemunhas que diziam ter ouvido gritos do casal e de Isabella antes do crime — e que poderiam dar tom mais emocional ao julgamento.

Acreditando que o casal vai conseguir emocionar os jurados hoje, os advogados dos Nardoni dispensaram depoimentos antes considerados importantes para derrubar a tese acusação. Não depôs o pedreiro Gabriel Santos Neto, que trabalhava em uma obra no fundo do prédio. Ele era considerado peça-chave da defesa do casal e foi o primeiro a chegar no tribunal na última segunda-feira. Como ele estava na Bahia e não tinha sido localizado, havia inclusive a possibilidade de o júri ser adiado. Neto afirmou a um repórter da "Folha de S. Paulo" que a obra foi arrombada na mesma noite em que Isabella foi jogada do apartamento.

A defesa queria provar com o depoimento do pedreiro que por essa obra poderia ter entrado um bandido que invadiu o prédio dos Nardoni e matou a menina. A perícia, no entanto, não encontrou vestígios de uma pessoa estranha no apartamento.

Outro depoimento que ficou de fora do julgamento foi o de Geralda Afonso Fernandes, vizinha do Edifício London. Na fase de investigação, ela disse que foi acordada com gritos de uma criança dizendo "papai, papai, papai". Era um grito alto, como se ele não estivesse do lado da criança. Ela não ouviu vozes nem discussões. Segundo o relato, os dois últimos gritos foram mais fracos, como se a criança estivesse se distanciando para o interior do apartamento e sendo repreendida a calar a boca. A defesa argumenta que Isabella estaria pedindo socorro ao pai contra o assassino.

Mas acabaram ficando de fora testemunhas que poderiam incriminar ainda mais o casal, como um vizinho que disse ter ouvido uma briga entre um casal pouco antes de Isabella ser jogada. O porteiro do Edifício London Valdomiro da Silva Veloso, o primeiro a chegar à cena do crime, também deixou de depor. Ele viu Isabella caída no gramado do prédio, ao lado da guarita, e avisou o síndico. Nem mesmo o síndico, morador do primeiro andar e primeiro a chamar a polícia e chegar ao pátio do prédio ao ver o corpo da menina foi arrolado entre as testemunhas.

O Globo