quinta-feira, 18 de março de 2010

O Caso Jennifer // R$ 5 mil. O valor para matar Jennifer Kloker

Uma vida por R$ 5 mil. Esse foi o preço acertado entre Delma Freire e o homem contratado para matar a alemã Jennifer Marion Nadja Kloker, de 22 anos. A revelação foi feita ao Diario após um depoimento que entrou pela madrugada de hoje. Para a Polícia Civil, não restam dúvidas de que o vigilante desempregado Alexsandro Neves dos Santos, 35, preso na tarde de ontem em San Martin, é o autor dos três disparos que mataram a vítima. Mas ele nega ter apertado o gatilho e põe a culpa em Pablo Tonelli.

Alexsandro, considerado um homem frio pela polícia, contou aos investigadores que entrou no carro na entrada do bairro do Curado IV, onde mora. No local, assumiu a direção do veículo onde viajavam Jennifer, o filho de três anos, Delma, Pablo e Ferdinando. De lá, partiram até o KM 97, da BR-408, onde a alemã foi executada, inclusive na presença da criança. O roteiro descrito pelo preso bate com o registrado pelo rastreador instalado no veículo alugado pela família. Pelo GPS, aparece uma parada de aproximadamente dois minutos exatamente na entrada do Curado IV, onde ele fala que embarcou. A outra parada apontada pelo equipamento é justamente a da execução de Jennifer.

As cenas que se passaram a seguir, no entanto, ainda estão sendo encaixadas pela polícia. Isso porque o vigilante conta que desistiu de atirar após ouvir o primeiro disparo feito por Pablo, companheiro de Jennifer. Nesse momento, ele conta que se assustou e fugiu sozinho levando o carro, abandonando-o atrás da Delegacia de São Lourenço da Mata. Para a polícia, a declaração não combina em nada com o modo frio apresentado ao longo do depoimento. Apesar de negar, ele seria o autor dos disparos.

Até agora, Pablo nega participação no crime, mas é sempre visto chorando na cela. A versão do vigilante pode ter sentido. Isso porque, o exame residuográfico realizado pela equipe do Instituto de Criminalística (IC) apontou a presença de chumbo na mão direita dos dois suspeitos, Pablo e Ferdinando. Segundo especialistas, o material pode ter se fixado na pele deles apenas porterem tido um contato com a arma recém-disparada. Inicialmente, a polícia acreditava que Ferdinando tivesse atirado enquanto Pablo mantinha a vítima imobilizada.

Do total acertado pela morte da vítima, Alexsandro revelou que recebeu antecipado R$ 2,5 mil. A morte de Jennifer não custou nem de perto o valor que supostamente a família Tonelli receberia pelo seguro de vida feito em nome da alemã no caso de sua morte: 500 mil euros (R$ 1,2 milhão).

O depoimento deve encerrar as dúvidas que ainda restam na investigação policial do Caso Jennifer. O vigilante desempregado Alexsandro Neves dos Santos é o último participante do crime a ser preso e por isso a ouvida dele é tão importante no inquérito. Assim como estiveram na casa de Delma, os investigadores também cumpriram mandado de busca e apreensão na casa de Alexsandro, no Curado IV, ontem. Até agora, a polícia garante que a arma do crime não foi localizada.

Quem é quem - Com a prisão dos quatro suspeitos, a polícia não tem dúvidas da participação de cada um no crime. Delma Freire, 48, é tida como a mentora do assassinato e estava na cena do crime. Pablo teria imobilizado Jennifer com quem travou uma luta corporal ao ponto de rasgar a própria camisa e ser arranhado. Segundo uma testemunha, Pablo e Ferdinando foram vistos arrastando o corpo da alemã na BR. Quanto à motivação do crime, além do seguro de vida que favoreceria Ferdinando, a polícia investiga também a briga dos pais pela guarda da criança de três anos e os possíveis desentendimentos do casal em função da suposta relação homossexual entre Pablo e Ferdinando.