terça-feira, 26 de outubro de 2010

Quadrilha causa prejuízo de R$ 1,6 milhão ao INSS

Depois de causar um prejuízo de mais de R$ 1,6 milhão aos cofres públicos, sete pessoas foram presas ontem dentro da Força Tarefa que investiga concessões fraudulentas de benefícios previdenciários através de requerimentos de pensão por morte. Os nomes dos envolvidos não foram revelados pela polícia sob a alegação de que o processo tramita em segredo de Justiça. 



Foram apreendidos três automóveis de luxo, sete celulares, uma máquina de falsificação de documentos e três discos rígidos de computadores Foto: Elian Balbino/DP/D.A Press
A operação, deflagrada pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e Ministério da Previdência Social, identificou, até agora, 44 benefícios criminosos em municípios como Limoeiro, Carpina, Escada, Recife, Olinda, Cabo de Santo Agostinho e Jaboatão dos Guararapes. 

De acordo com o representante de combate aos crimes do Ministério da Previdência Social, Dilmar Pregardier, os golpistas falsificavam documentos de óbito, criavam dependentes menores para os titulares do benefício e cuidavam para que a data do óbito fosse antecedente ao requerimento. Desta forma, o valor do benefício retroativo poderia ser maior. Em geral, a quadrilha sacava entre R$ 20 mil e R$ 65 mil por beneficiário. "Até agora não identificamos nenhuma participação de servidor das agências, nem a quantidade certa de benefícios fraudados, mas acreditamos que ainda vamos descobrir outras fraudes, já que três pessoas ainda estão foragidas", disse Pregardier.

Além das sete prisões foram apreendidos três automóveis de luxo, sete celulares, uma máquina de falsificação de documentos e três discos rígidos de computadores que a polícia acredita conterem informações sobre as atuações da quadrilha. 

Dos sete presos ontem, dois já haviam sido presos em 2006, dentro da Operação Cabo I, que investigou o mesmo tipo de crime. No entanto, o casal, apontado como chefe da quadrilha, passou quatro meses preso. Um ano depois, a dupla foi presa novamente, desta vez em flagrante, quando tentava sacar um benefício numa agência bancária. Desta vez, o casal ficou cerca de três meses atrás das grades. Em agosto deste ano, a mulher foi presa mais uma vez quando apresentava documentos falsos numa agência bancária no município de Passira, Agreste do estado. No entanto, foi concedido à acusada responder o inquérito em liberdade.

A polícia reconhece a fragilidade da Justiça e, agora, tenta reunir unir esforços para evitar mais uma vez a soltura dos acusados. "Estamos reunindo provas ainda mais consistentes para que essas duas pessoas não voltem ao convívio social. Acredito que a Justiça vai entender que se der o direito deles responderem o processo em liberdade novamente, vão continuar a praticar os mesmos crimes", revelou a delegada da Polícia Federal, Carla Gomes, especializada em combate aos crimes previdenciários. 

Ainda segundo a Polícia Federal, a quadrilha era formada por filhos e sobrinhos dos principais integrantes do grupo, já que nos registros eles são configurados como representantes legais e procuradores dos benefícios com indícios de irregularidades. "Era uma espécie de empresa familiar criminosa, em que cada um tinha sua função e uma atividade diária. Esse era omeio de vida deles", disse o superintendente em exercício da PF, Marcelo Diniz Cordeiro. A polícia não descarta a ramificação da quadrilha em outros estados e vai dar prosseguimento às investigações. 


Diario de Pernambuco