quinta-feira, 25 de março de 2010

Justiça confirma que jovem foi preso e amigo, assassinado por um crime que não cometeram

Acabou parte do tormento para Diego Pereira Cruz, 19 anos, e para a família de José Alex Soares da Silva. Confundidos com assaltantes de um posto de gasolina, eles foram espancados no dia 10 de janeiro em outro posto, ambos localizados na BR-428, em Petrolina, no Sertão do Estado. José Alex morreu em decorrência das agressões. Diego passou 39 dias preso mas, hoje, ouviu, em audiência realizada do Fórum Doutor Manoel Souza Filho, que estava inocentado das acusações. “Vou seguir minha vida normal. Estava ansioso, mas tranquilo. Agora eu quero que paguem pelo que fizeram com a gente”, declarou.

O veredito do juiz Edilson Moura, da 1ª Vara Criminal de Petrolina, não apaga as memórias da tortura que diz ter sofrido, inclusive dentro da delegacia da cidade, mas ajuda amenizar a dor da perda do amigo e a injustiça que começou a ser reparada nesta quinta-feira. As contradições presentes no processo foram o que mais chamou a atenção do magistrado. “Se você pensar direito, não faz muito sentido. Em regra, ninguém tira o capacete para realizar um assalto. Muito menos para, sem capacete, entrar em um local a menos de dois mil metros do local do crime. É ilógico”, avalia. Também contou a favor dos rapazes o fato da arma e dos produtos roubados nunca terem sido encontrados.

O próprio Ministério Público, através do promotor Lauriney Lopes, alegou que não havia provas suficientes para alegar que os rapazes eram culpados do assalto. Além disso, ele afirma que não foi necessário reconstituir o crime para elucidar as contradições. “O inquérito do delegado da Homicídios (Jean Rockfeller) foi anexado nos últimos instantes ao processo e, nele, fica claro que os verdadeiros assaltantes ainda estão livres para realizar novos crimes”, afirma.

Diário de Pernambuco