sexta-feira, 19 de março de 2010

A-Ha encanta multidão que lotou Chevrolet Hall em Olinda

É Morten Harket estava mesmo com dor de garganta. Sim, o A-Ha cantou menos dos que as 22 músicas que estavam no setlist da turnê Ending on a high note - Farewell Tour, apresentada na noite desta quinta-feira (18), no Chevrolet Hall, em Olinda. Não é só: ao contrário do que aconteceu em Bauru, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, a penúltima apresentação do trio norueguês no Brasil (depois do Recife, o vocalista segue, com o tecladista Magne Furuholmen e o guitarrista Paul Waaktaar-Savoy, para Fortaleza) começou com quase uma hora de atraso. Mas, o público que lotou o Chevrolet Hall não pareceu ter se importado.

Foram quase 18 mil gargantas engrossando a voz de Morten. O vocalista cinquentão, que continua em excelente forma e arrancando suspiros das moças e senhoras, regeu os milhares de fãs (pernambucanos, paraibanos, potiguares, gaúchos), com a maestria e a empatia de alguém realizado. Muitas e muitas vezes se mostrou emocionado, quando a voz da multidão suplantava seus agudos... foi assim em Foot of the mountain, que precedeu a faixa de abertura Bandstand. Em Minor Earth, uma loucura coletiva, e quando os acordes de Stay on these roads foram ouvidos, o Chevrolet Hall já estava completamente rendido ao charme rouco de Morten.

Magne não cantou, mas falou muitas vezes, agradecendo ao público em bom português. Paul, com sua aparência de lord inglês (com gravata e paletó contrastando com os bermudões dos colegas), distribuiu muitos sorrisos, empolgou com seus riffs, mas usou o microfone única e exclusivamente como backing vocal. Em The Living Daylights, uma homenagem à capital pernambucana. O nome Recife estampava o telão sob a mira de um alvo. Como mandava o repertório (mas não necessariamente na ordem divulgada), os jovens senhores da Noruega cantaram ainda Crying In the Rain, Scoundrel Days, Manhattan Skyline, Looking For the Whales. Rostos suados e cheio de emoção especialmente quando se ouviu I‘ve Been Losing You, Cry Wolf.

Foram duas saídas do palco. Na primeira volta, o A-Ha cantou
Hunting High and Low (com uma arranjo que começou bem acústico, lembrou as versões remixes lançadas no final dos anos 80 e terminou com Paul ao violão e Morten bem pertinho da plateia, cantando...) e The Sun Always Shines On TV. Quando as luzes apagaram, ouvia-se em uníssono Take-on-me, Take-on-me, Take-on-me.Ainda não era o fim. Mas Magne voltou ao palco explicando, em inglês, que seria a última vez que o A-Ha cantaria ali, naquele palco, e perguntou se alguém queria mais.

Precisava perguntar? Nem responder. Era
Take on me, para delírio de fãs dos 20 aos 70 anos.Como Priscila Alves Cabral, que ainda usava fraldas quando a banda lançou Hunting High And Low. A moça exibia uma camisa autografa na primeira fila do frontstage. “Fiquei sabendo da chegada deles na comunidade A-Ha, no Orkut, e fui ao aeroporto. Gosto do A-Ha desde que me entendo por gente”, completou. Outra fã era dona Neide Maria Gomes, de 70 anos. Com sua bengala na mão, justificou. “Assisti a um show deles no Rock in Rio e me apaixonei”. Dá para entender o porque, dona Neide. Morten desceu do palco, cantou o fim da música no fosso, onde antes estava a imprensa. Ovacionados, os três reverenciavam os fãs enquanto o telão informava: BRASIL PARA SEMPRE! Obrigado Recife. Quem foi ao Chevrolet Hall com certeza terá história para contar...